Quando se pensa em marketing de influência no meio digital, já existem hoje diversas referências de influenciadores, que preenchem as redes sociais e estão presentes em campanhas de grandes marcas. Seguir os passos desses broadcasters e microinfluenciadores pode, de início, ser demasiadamente fácil. Entretanto, é necessário tomar cuidado, pois atualmente existe a opção de qualquer indivíduo aumentar o grupo de followers, pagando por falsos seguidores, curtidas e comentários. Então, seria inútil pôr esforços na criação de conteúdo se artificialmente você consegue comprar influência ?
Poderia ser, mas a realidade é outra. Tornar-se um creator ou até mesmo um microinfluenciador é muito difícil, ainda mais se acompanhar a rotina e empenho envolvido por trás de uma simples postagem em uma rede social. Segundo um estudo realizado em 2015 e publicado pela Business Insider, 8% das contas no Instagram são fakes e cerca de 30% dessas contas estão inativas. O site InfluencerDB também aborda sobre o tema:
“Essas contas ou bots geralmente são baseadas em computador e seguem aleatoriamente os canais do Instagram, postam comentários em formato de spam em grandes quantidades de imagens.“
Uma pesquisa feita pela Trind Micro Inc., intitulada “Fake News and Cyber Propaganda: The Use and Abuse of Social Media“, discute, entre outros assuntos, o que motiva pessoas a promover curtidas e comentários com a compra de likes. Nessa pesquisa, descobriu-se que nem sempre essas campanhas são feitas por robôs programados. Existem pessoas reais que utilizam programas de colaboração coletiva para um propósito em comum.
Isso reflete diretamente para os anunciantes. Ter em sua estratégia de marketing de influência, influenciadores com uma elevada quantidade de seguidores falsos, pode gerar riscos elevados, o que resulta muitas vezes não ter o resultado esperado em sua campanha.
Por que cresce a tendência de se comprar followers no marketing de influência?
Em grande parte, devido ao poder desenfreado das redes sociais, e ainda, devido à popularidade dos blogs. Hoje é possível que qualquer pessoa que tenha interesse e determinação, ou habilidade em recursos de edição de vídeos e fotos, pode fazer parte desse mercado. Uma parte dos principais blogueiros, vloggers e outros digital influencers, comprova que é possível causar impacto sem que seja um astro de TV, uma celebridade ou modelo de revistas.
Um exemplo de digital influencer que cresceu foi Zoella – uma das maiores youtubers do mundo – com mais de 1 bilhão de visualizações em seu canal na plataforma. Isso demonstra que pessoas comuns possuem alcance igual ou superior a um superstar de antigamente. Influenciadores digitais são essencialmente criadores de conteúdo, pesquisadores, publicitários e editores de suas próprias revistas ou canais de TV.
As raízes do seu encanto se deve pelo fato de que eles operam seus conteúdos em grande parte sozinhos ou com uma única parceria. No mercado, com demandas agressivas e com uma publicidade saturada, os consumidores desejam uma voz mais autêntica e mais confiável, que sabe transmitir a mensagem em um nível pessoal e que no fim, possa interagir não só com o influenciador mas também com a marca.
Como se dá a compra de seguidores nas redes sociais?
O mercado de influenciadores Instagramers está atualmente avaliado em 1 bilhão de dólares, segundo dados da MediaKix. E esse número deve dobrar em 2019 com os investimentos em marketing de influência. Para os grande e pequenos influenciadores, será mais complicado o hábito de comprar fakes followers ou engajamento. Contudo, para os microinfluenciadores, tal prática acaba se tornando comum e lucrativa. Em um case, realizado pela MediaKix, criou-se duas contas fictícias de Instagram, com intuito de gerar likes e comentários e consequentemente, atrair patrocínio de marcas.
O intuito foi segmentar essas duas contas nos estilos mais comuns do Instagram: moda, estilo e viagens e aventuras. Em seguida, criaram-se etapas para a construção do perfil falso com compras de seguidores.
- Primeira etapa: Geração de conteúdo
Com a contratação de uma modelo local, o experimento tratou de criar o conteúdo do canal e se utilizou de uma sessão de fotos que durou um dia inteiro. O objetivo foi moldar a personagem com um LifeStyle parecido com o de Santa Mônica. O nome de usuário foi denominado como “calibeachgirl310“.
O experimento deu prosseguimento com a criação da segunda conta de Instagram. Dessa vez as fotos usadas para montar essa personagem se deu com o uso de banco de fotos gratuitas. O perfil foi dedicado aos temas de viagens e aventuras, com o uso da maior parte de suas fotografias tiradas de paisagens, com foco em Paris, Yosemite e Maui. Para essa conta usou-se o nome de usuário “wanderingggirl“. Para deixar o experimento mais real, foram utilizadas fotografias com meninas loiras, sem mostrar o rosto, dando a impressão de presença nas paisagens.
- Segunda etapa: Compra de seguidores
Após a etapa de construção de conteúdo, começaram as compras de seguidores. Inicialmente com uma compra de 1000 seguidores por dia, para não haver a possibilidade de que o Instagram pudesse marcá-lo como conta fake – e consequentemente a exclusão da conta segundo um dos seus termos de uso.
No entanto, após tanta precaução, descobriu-se que é permitido comprar até 15.000 seguidores de uma vez só. Em média, a compra de seguidores fica entre US$3 a US$8 por cada 1000 seguidores, dependendo da confiabilidade do serviço contratado. Ambas as contas receberam investiram na compra de seguidores e ficaram entre 30 mil e 50 mil, respectivamente, no decorrer de dois meses.
- Terceira etapa: Compra de engajamento
Após adquirir alguns milhares de seguidores, foi necessário a compra de likes e comentários nas postagens das contas fake. Em média, o investimento por cada comentário foi de US$0,12 e gerou cerca de 10 a 50 comentário divididas entre as contas. Na compra de likes, o investimento ficou entre U$4-9 por cada 1000. Essa ação levou cerca de 24 horas para o serviço ser realizado e gerou entre 500 a 2500 curtidas. O engajamento aumentou, conforme essas ações de compras de likes e comentários foram adicionadas pelos serviços contratados.
Após o sucesso nas etapas anteriores, inseriram as contas fake em plataformas de marketing de influência, o que resultou em ofertas de quatro marcas. Duas para cada conta fake criada. Seus patrocinadores vão desde empresa de maiô a empresa de alimentos e bebidas. O teste mostrou que empresas não têm cuidados ao realizar parceria com influenciadores. Ao invés de analisar quais as métricas mais adequadas ao tipo de negócio, as métricas de vaidade (que são números em geral) chamaram mais a atenção.
DICA: No marketing de influência, não são apenas números de seguidores e curtidas em uma determinada rede social que fazem com que o creator seja um influenciador. Mais importante que isso, é fundamental avaliar as métricas de engajamento, interesse dos seus seguidores, bem como a parceria do influenciador com outras marcas. Com o influency-me, você pode analisar todos os números do influenciador e saber como funciona a interação dele com a própria audiência.
Peça uma demonstraçãoNão é só o mercado de marketing de influência que está atento às compras de followers
O aumento do interesse de micro e pequenos influenciadores em fazer parte desse mercado faz com que a tentação em garantir mais seguidores, likes e engajamento em suas redes sociais aumente. Por isso, existem várias empresas que contribuem para a venda de followers.
Um dos grandes influenciadores na era digital Casey Neistat, que conta com um pouco mais de 7.7 milhões de inscritos e mais de 1.8 bilhões de visualizações em seu canal do Youtube, fez um vídeo onde conta – de maneira mais descontraída – como é fácil contratar e crescer sua rede de seguidores. Cita ainda um caso na Tailândia, onde a polícia local prendeu um grupo que possuía uma “fazenda de likes” ilegal. No mesmo vídeo, apresenta o site Buzzoid, que comercializa esse tipo de serviço nos Estados Unidos da America:
Case da “máquina de influência”
Na Rússia, a tecnologia avançou rápido. À medida que as discussões das redes sociais aumentavam e o impacto que elas causavam cresceu, a empresa chamada “Snatap”, que faz parte da empresa holding, a “Like”, resolveu inovar e criar uma máquina que vende likes e novos seguidores no Instagram. A empresa é de propriedade de dois parceiros – Nazir Yusifov e Ayaz Shabutdinov.
Yusifov imediatamente respondeu às afirmações de que os likes que empresa dele vende são falsos e que tais serviços estão quebrando os termos de uso do Instagram e as diretrizes da comunidade. No entanto, o idealizador da máquina insiste que os likes são distribuídos por pessoas reais a partir de contas criadas. Por isso, ele afirma que o serviço é completamente legal.
Por apenas US$ 0,89, você consegue 100 likes em uma foto nova. Para quem pode investir um pouco mais, existe a opção de desembolsar incríveis US$ 850 para comprar 150 mil seguidores – de brinde ainda são garantidos até 1.500 ações por publicação, seja likes, compartilhamentos ou comentários.
Atualmente, existem cerca de 20 máquinas de venda automática por toda a Rússia – com um investimento de US$3493 para a produção do processador que gerará os likes e seguidores e mais um investimento na instalação em shopping Center, ficaria em torno de US$7372, segundo Dazzed Digital –, a empresa já possui cerca de 20 a 50 pedidos de clientes por dia, segundo Yusifov. O proprietário também confirmou que a empresa agora está preparando caixas semelhantes para instalar na Alemanha, Polônia e EUA, embora os equipamentos estejam em processo de certificação em outros países.
O que as marcas devem fazer?
As marcas devem trabalhar com plataformas seguras que possam garantir uma análise mais assertiva dos influenciadores que elas desejam criar parceria. Como cita Justin Rezvani, fundador da TheAmplify:
“Há diferenças entre ter uma plataforma e ter uma equipe real gerenciando e garantindo que os dados estejam corretos”.
Isso demonstra a importância desse universo das redes sociais. Fazer parte do marketing de influência sem métricas corretas para cada estratégia não indicaria nada além de números sem qualidade. Em relação ao Instagram, mais canais e diretrizes de exclusões serão criadas para evitar e acabar com contas fakes. Conforme o mercado de influenciadores cresce, a tendência é diminuir as contas de usuários que se utilizam desses recursos para se manterem com seguidores satisfatórios para suas métricas de vaidade. Isso, porém, não limitará as vendas de followers, pois mesmo com os termos impostos, esse mercado se mantém em crescimento.
Com base nesses fatores, análises aprofundadas se tornam fundamentais. Do contrário, a soma de dinheiro investido em um determinado influenciador sem análises corretas, poderá se converter apenas em bots que nunca se tornarão clientes.
O retorno positivo para ambos os lados se dá com base na transparência das métricas do influenciador. As empresas devem, consequentemente, procurar identificar influenciadores com bons conteúdos e seguidores reais, que se mostram interessados numa parceria real de confiança. Deste modo, o bom relacionamento entre marca e influenciador fará com que o público daquele creator se convertera em clientes.
No dia 8 de novembro, o Comunique-se realizou um Podcast sobre o tema. Para ouvir, basta clicar no player abaixo.